Estudos indicam que 64% dos brasileiros procuram acabar com a sensação dolorosa sem procurar
ajuda profissional, recorrendo aos analgésicos já conhecidos ou indicados por
"amigos”.
Segundo o cirurgião Heinz Konrad, do Centro para Tratamento
da Dor Crônica, em São Paulo, "a dor é um mecanismo de proteção que avisa
quando algo nocivo está acontecendo".
Assim, para ela, precisamos ter sempre uma
resposta. "Na dúvida, toda dor precisa ser checada, ainda mais aquela que
você nunca sentiu igual", aconselha o cardiologista Paulo Bezerra, do Hospital Santa Cruz, em Curitiba.
Aqui foram selecionados alguns tipos diferentes de
dor, que não devem ser ignoradas .
Dor de cabeça
Dos 10 aos 50 anos, é geralmente causada por alterações na visão ou nos
hormônios ( mais comum entre as mulheres). E esses são justamente os casos em
que a automedicação aumenta o tormento. "Isso porque, quando mal usado, o
analgésico transforma uma dorzinha esporádica em diária", avisa o
neurocirurgião José Oswaldo de Oliveira Júnior, chefe da Central da Dor do Hospital A.C. Camargo, em São Paulo.
Acima dos 50 anos, as dores de cabeça merecem ainda mais atenção, pois podem
estar relacionadas à hipertensão.
Dor de garganta
Costuma ser causada pela amigdalite de origem bacteriana ou
viral. "Se não for tratada, a amigdalite bacteriana pode exigir até
cirurgia", alerta o otorrinolaringologista Marcelo Alfredo, do Hospital e Maternidade Beneficência Portuguesa de Santo
André, na Grande São Paulo.
Certos tumores no pescoço também incomodam e podem ser
confundidos, pelos leigos, como simples infecções.
Dor no peito
"Quando o coração padece, a dor é capaz de se espalhar na direção do
estômago, do maxilar inferior, das costas e dos braços", descreve o
cardiologista Paulo Bezerra. Em geral, isso acontece quando o músculo cardíaco
recebe menos sangue devido a um entupimento das artérias. "A
sensação no peito é como a de um dedo apertado por um elástico. E piora com o
estresse e o esforço físico", explica Bezerra. Fique alerta pois o rápido
diagnóstico pode salvar a vida.
Dor nas pernas
Em geral costuma ser atribuída às varizes, no entanto "A
causa pode ser outra", avisa a fisiatra Lin Tchia Yeng, do Hospital das Clínicas, em São Paulo.
Uma artrose, por exemplo, provoca fortes dores nos pés e nos joelhos. Se não
for tratada, piora até um ponto quase sem retorno. "Em outros indivíduos a
dor vem das pisadas", explica Lin. "É quando há um erro na posição
dos pés ou se usam calçados inadequados."
Sem contar doenças como
hipotireoidismo e diabete, que afetam a circulação nos membros. "Há
medicamentos específicos para resolver a dor nesses casos", diz a
reumatologista Solange Mandeli da Cunha, do Centro de Funcionalidade da dor, em
São Paulo.
Dor abdominal
Uma inflamação da vesícula biliar começa no lado direito da barriga, mas tende
a se irradiar para as costas e os ombros. Contar esse trajeto ao médico faz
diferença. "Se a pessoa não for socorrida, podem surgir perfurações nessa
bolsa que guarda a bile fabricada no fígado", diz o cirurgião Heinz Konrad.
Nas mulheres, cólicas constantes, insuportáveis no período menstrual, levantam
a suspeita de uma endometriose, quando o revestimento interno do útero cresce e
invade outros órgãos. "Uma em cada dez mulheres que vivem sentindo dor no
abdômen tem essa doença", calcula a anestesiologista Fabíola Peixoto
Minson, do Hospital Israelita Albert Einstein,
em São Paulo.
Dor nas costas
A má postura e o esforço físico podem machucar a região lombar da coluna.
"É uma dor diária, causada pelo desgaste físico e pelo sedentarismo",
diz o geriatra Alexandre Leopold Busse, do Hospital Sírio - Libanês, em São
Paulo.
A dor nas costas, além de minar a qualidade de vida, pode
camuflar um câncer no pâncreas também. "No caso desse tumor, surge uma dor
lenta e progressiva", ensina a fisiatra Lin Tchia Yeng. Por precaução,
aprenda que a dor nas costas que não some em dois dias sempre é motivo de
visitar o médico.
Dor no corpo
Se ele vive moído, atenção às suas emoções. A depressão, por exemplo, não raro
desencadeia um mal-estar geral. "O que dá as caras no físico é o resultado
da dor psicológica", diz Alaide Degani de Cantone, coordenadora do Centro de Estudos e Pesquisas em Psicologia e Saúde,
em São Paulo. "Quem tem dores constantes aparentemente sem causa e que
vive triste, pessimista, sem ver prazer nas coisas nem conseguir se concentrar
direito pode apostar em problemas de ordem emocional", opina o psiquiatra
Miguel Roberto Jorge, da Universidade Federal de São Paulo. Essas dores físicas,
que no fundo são da alma também precisam de alívio.
Informações preciosas para relatar ao médico sobre as dores:
- Quando: Tente lembrar o dia, semana ou mês em que a dor começou,
identificando sua frequência (diária, quantas vezes por dia se manifesta e
quanto tempo costuma durar).
- Onde : Aponte os lugares do corpo em que a dor ocorre. Se for difícil
especificar um ponto, mostre a região afetada. Explique também se ela começa em
um lugar e, dali, se irradia para outros.
- Como
: Descreva a sensação ( queima, dá pontadas ou agulhadas,
Formigamento) No lugar dolorido há uma sensação de aperto ou pressão? É
importante detalhar, pois para os ouvidos dos especialistas, esse tipo de
informação vale ouro.
- Avaliação
: Dê uma nota de 1 a 10 à sua dor, comparando-a a outras que
você já sentiu. Avalie o grau e não deixe de contar ao especialista se teve
febre, perda de apetite ou falta de sono depois que a dor apareceu.
- Soluções: Preste
atenção no seu corpo para dizer o que parece piorar a sensação dolorosa (comida
gordurosa, esforço físico, medicação,etc)